Ministro da Fazenda Avalia Saída do Cargo para Apoiar Campanha de Lula em 2026
Em uma quinta-feira repleta de especulações políticas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, revelou suas intenções em relação ao futuro político e econômico do Brasil. Ao participar de uma entrevista ao jornal O Globo, Haddad indicou que sua saída do ministério poderia estar nos planos, a fim de se envolver mais ativamente na campanha à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, marcada para 2026. No entanto, Haddad enfatizou que não tem interesse em concorrer a um cargo eletivo no próximo pleito.
O ministro compartilhou que já discutiu com Lula sua disposição para contribuir na formulação do programa de governo e na estruturação da campanha eleitoral. "Deixei claro que não pretendo ser candidato, mas desejo ajudar na construção da estratégia política", destacou Haddad. Ele descreveu a resposta do presidente como "muito amigável", sugerindo um alinhamento entre ambos sobre a viabilidade de sua saída da Fazenda.
Apesar de essa possibilidade ter sido mencionada, Haddad ressaltou que a decisão ainda não foi definida. “É uma possibilidade, mas não falamos sobre datas ou detalhes específicos”, esclareceu, buscando manter a transparência com o público e o partido.
Além de se colocar à disposição do Partido dos Trabalhadores (PT), Haddad revelou sua vontade de apoiar a construção da campanha eleitoral, sem necessariamente liderar essa tarefa. Ao tecer comentários sobre rumores que o colocam como um potencial candidato ao governo ou ao Senado em São Paulo, ele reafirmou a determinação de não se candidatar, apontando que essas informações já são do conhecimento dos envolvidos.
"É importante ressaltar que essa posição não é nova. Tenho expressado essa intenção há bastante tempo, especialmente após enfrentar três campanhas desafiadoras em momentos difíceis para o partido", disse, referindo-se às suas candidaturas passadas, incluindo a corrida presidencial em 2018, quando, após a prisão de Lula na Operação Lava Jato, ele obteve 44,87% dos votos, perdendo para Jair Bolsonaro, que venceu com 55,13%.
Desafios na Gestão Pública
Na mesma entrevista, Haddad considerou a situação financeira dos Correios, enfatizando a necessidade de reinvenção e reestruturação da estatal para sanar um rombo projetado em R$ 6 bilhões até setembro de 2025. Esse valor revela um aumento significativo em comparação ao ano anterior, evidenciando a urgência de mudanças estratégicas.
“Existem diversas empresas atuando na logística brasileira que conseguiram encontrar caminhos para entregar suas encomendas. Portanto, os Correios precisam se adaptar e se reinventar”, argumentou. Para reverter essa trajetória de prejuízo, o ministro destacou a recente publicação de um decreto que autoriza a concessão de garantia da União para um empréstimo de R$ 20 bilhões, destinado a socorrer a estatal.
Haddad comentou ainda que parcerias com instituições financeiras, como a Caixa Econômica, poderiam trazer a "capilaridade de serviços" necessária para melhorar a operação da empresa. Além dos Correios, o ministro ressaltou a importância de enfrentar os desafios impostos à Eletronuclear, referindo-se a ela como um "desafio histórico" que requer atenção e planejamento cuidadoso.
O Cenário Político e Econômico Atual
Outra questão que Haddad tratou foi a atual dinâmica da agenda econômica e a diminuição da produtividade legislativa. O ministro expressou sua preocupação com o ritmo lento das discussões e o impacto que isso traz sobre a execução de políticas importantes. "A trava da pauta provocada pela oposição, somada a uma agenda que nem sempre responde às expectativas do país, cria desafios adicionais para o Executivo", afirmou.
Diante de um cenário com tantas incertezas políticas e financeiras, a figura de Haddad permanece central, tanto em sua condição de ministro quanto em seus planos de apoiar a reeleição de Lula. Sua saída da Fazenda, embora considerada, parece ser parte de uma estratégia maior para garantir a continuidade do projeto que a administração atual tenta consolidar.
Em síntese, a entrevista de Haddad não apenas lançou luz sobre suas intenções políticas, mas também destacou os desafios que o Brasil enfrenta em termos de gestão pública e as diferentes rotas que podem ser adotadas para reverter a atual situação financeira de estatais como os Correios.
Com um olhar voltado para o futuro, o ministro reafirma sua disposição para contribuir com o PT e o governo, mesmo que isso signifique se distanciar temporariamente de sua posição na Fazenda. A incógnita que se mantém é até quando ele permanecerá à frente da pasta e quais movimentações ocorrerão até a corrida eleitoral de 2026.

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