Gripe Aviária: O Que Você Precisa Saber Sobre os Riscos e Mitos da Nova Ameaça

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Gripe Aviária: O Que Você Precisa Saber Sobre os Riscos e Mitos da Nova Ameaça

A Gripe Aviária Retorna: Casos em Alta e Preocupações com Pandemia Potencial

Nos últimos meses, a gripe aviária voltou a ser um tema relevante na discussão sobre saúde pública. Dados da Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) revelam que, entre setembro e o final de novembro, foram reportados cerca de três mil casos de infecção em aves em 29 países europeus, com 85% das ocorrências envolvendo aves silvestres. O vírus H5N1 se destaca entre os responsáveis por esses casos.

Recentemente, uma infecção em um ser humano foi fatal. Um paciente idoso, com condições pré-existentes, succumbiu à infecção pelo vírus H5N5 no estado de Washington, conforme relatado pela agência Reuters. A Organização Mundial da Saúde (OMS) contabiliza quase mil casos de infecção em humanos desde 2003, com uma taxa alarmante de 50% de mortalidade entre esses episódios.

Alertas de Especialistas: A Necessidade de Vigilância e Preparação

O panorama atual fez com que especialistas, como Marie-Anne Rameix-Welti, diretora do Centro de Infecções Respiratórias do Instituto Pasteur, em Paris, acendessem o sinal de alerta. Rameix-Welti afirma que a adaptação do vírus a mamíferos, especialmente humanos, é uma preocupação crescente. “Nosso temor é que o vírus desenvolva a capacidade de transmissão entre humanos, transformando-se em uma ameaça pandêmica”, observa a especialista. Segundo ela, falta à população um número significante de anticorpos contra vírus da gripe do tipo H5, ao contrário da proteção que existe contra os tipos H1 e H3, que causam as gripes sazonais.

Reflexões sobre Previsões em Saúde

A história recente da saúde global está repleta de previsões sobre pandemias, e muitas delas se provaram inadequadas. Por exemplo, o surto de mpox em 2022 foi considerado por alguns especialistas, como o professor Joseph Eisenberg da Universidade de Michigan, como a iminente próxima pandemia. Contudo, a expectativa não se concretizou, e o controle rápido por meio de imunização foi eficaz.

Como ressaltou Johan Giesecke, um epidemiologista sueco, previsões cataclísmicas frequentemente não se concretizam. O Imperial College de Londres, por exemplo, havia previsto em 2005 que a gripe aviária resultaria na morte de 150 milhões de pessoas; o número real foi de apenas 455. Giesecke discute que, enquanto as previsões de riscos devem ser levadas a sério, é fundamental distinguir entre possibilidade e probabilidade para evitar criar alarmes desnecessários.

Rameix-Welti, por sua vez, reconhece que existem medidas preventivas em prática. “Temos vacinas candidatas em desenvolvimento e tratamentos antivirais prontos”, afirmou, ressaltando que a humanidade está mais preparada agora do que estava antes da pandemia de Covid-19.

O Debate sobre Previsões Pandêmicas

Em 2013, a revista Nature publicou um editorial afirmando que “os cientistas não podem prever pandemias”, um posicionamento que destaca a dificuldade de fazer projeções precisas em saúde pública. A publicação argumenta que os modelos matemáticos são herramientas valiosas para explorar cenários, mas não substituem a realidade. A avaliação do potencial pandêmico de um vírus depende de julgamentos relativos que podem, quantas vezes, ser influenciados por pressões institucionais e interesses de pesquisadores.

A OMS, em particular, tem utilizado uma retórica alarmista em relação a uma potencial “doença X”, enquanto promoveu um “tratado das pandemias” que poderia favorecer sua própria posição. Este tratado foi aprovado em maio e contém elementos que críticos consideram problemáticos.

Riscos Subjacentes e Ameaças Ignoradas

Embora a OMS informe uma taxa de mortalidade de 52% entre quase mil casos de gripe aviária entre 2003 e 2023, essa estatística pode ser enganosa quando se busca realmente entender a letalidade do H5 em humanos. O caso do paciente no estado de Washington, por exemplo, envolvia um indivíduo com problemas de saúde pré-existentes, o que não é representativo da população em geral.

A natureza da infecção por gripe aviária pode estar subnotificada, especialmente em casos leves ou assintomáticos, o que sugere que o número de infecções pode ser significativamente superior. Comparativamente, um milhar de casos em mais de 20 anos é ínfimo em relação às bilhões de infecções anuais causadas pela gripe sazonal. Tais nuances frequentemente são negligenciadas em relatos que difundem mensagens alarmantes.

Por outro lado, existem vírus altamente letais, como o Ebola e o Nipah, que apresentam um risco real à saúde pública. Contudo, esses vírus não possuem a mesma capacidade de transmissão que o coronavírus, que provocou a pandemia de Covid-19.

A Questionável Pesquisa em Coronavírus na China

Ademais, a atenção não deve ser totalmente voltada apenas à gripe aviária. Um recente artigo na Journal of Virology levantou preocupações sobre pesquisas ocorrendo na China envolvendo coronavírus. Essas investigações, apontadas por agências de inteligência dos EUA e Alemanha como uma possível origem da pandemia de Covid-19, estão manipulando geneticamente coronavírus para torná-los mais infecciosos.

O biólogo Richard Ebright, expert em segurança de laboratórios, alertou que esses experimentos estão sendo realizados em condições de segurança inadequadas, o que representa um risco considerável à saúde pública. “Essas pesquisas em ganho de função continuam em andamento”, afirmou Ebright, destacando a fragilidade das normas de biossegurança.

Conclusão: A Necessidade de Uma Abordagem Equilibrada

Diante deste cenário, é crucial manter a vigilância em relação à gripe aviária e outras ameaças virais. A prudência é fundamental, mas deve ser aliada à razão e ao conhecimento embasado, evitando assim o alarmismo. A discussão sobre o que deve ser feito em termos de prevenção e controle requer um equilíbrio cuidadoso entre reconhecer os riscos e não incitar o medo excessivo.

Com a experiência da pandemia de Covid-19 ainda fresquinha na memória coletiva, o mundo – e principalmente os tomadores de decisão – deve aprender com as falhas e sucessos do passado. Preparar-se para emergências de saúde pública é vital, mas isso inclui escutar diversos pontos de vista, discriminar informações e, principalmente, agir com responsabilidade e clareza.

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