Diálogos em Miami: EUA buscam avançar negociações sobre a guerra na Ucrânia
Nesta sexta-feira (19), o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, defendeu um papel facilitador para os Estados Unidos nas negociações em andamento em Miami, onde representantes de várias nações tentam encontrar soluções para o conflito na Ucrânia. Em meio a esta discussão, Rubio afirmou que os americanos não estão em posição de impor acordos ou condições à Ucrânia, ressaltando a importância de autonomia para o país no processo.
Os diálogos, que seguem até o final de semana, ocorrem em um momento tenso, logo após o presidente da Rússia, Vladimir Putin, reafirmar sua intenção de continuar a ofensiva militar, afirmando que as condições para o término da guerra dependem de ações da Ucrânia e das nações ocidentais que a apoiam.
Diplomacia sob pressão
O contexto das conversas é crítico, visto que o envolvimento direto dos Estados Unidos na busca de uma solução pacífica está longe de ser uma tarefa simples. O plano proposto anteriormente pela administração de Donald Trump sugere que os EUA ofereçam garantias de segurança à Ucrânia, porém, isso poderia implicar em concessões territoriais por parte de Kiev. Uma possibilidade que, naturalmente, foi amplamente rejeitada por muitos ucranianos.
Rubio, no entanto, enfatizou que forçar a Ucrânia a aceitar um acordo de paz não é uma opção viável: "A narrativa de que estamos tentando impor algo é totalmente equivocada", declarou. Ele frisou que tanto a Ucrânia quanto a Rússia devem expressar a vontade de negociar pacificamente.
Encontros decisivos
Rubio indicou que sua participação nas negociações em Miami poderia ser uma possibilidade nos próximos dias. Os diálogos são liderados por Steve Witkoff, designado de Trump, e seu genro Jared Kushner, ambos com a presença do principal negociador ucraniano, Rustem Umerov, e representantes de países como Reino Unido, França e Alemanha. No contexto das negociações, está previsto também que delegações russas e americanas se reúnam separadamente durante o final de semana.
Rustem Umerov, por sua vez, atualizou seus seguidores nas redes sociais sobre sua conversa com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, ressaltando a continuidade do trabalho em conjunto com os parceiros americanos. Ele destacou a importância de garantir a segurança da Ucrânia em longo prazo.
A realidade da guerra
Vale ressaltar que, apesar da intensa atividade diplomática em Miami, os ataques russos à Ucrânia não apresentaram sinais de trégua. Recentemente, um ataque aéreo resultou na morte de sete pessoas e ferimentos em mais de quinze na região de Odessa, mirando infraestrutura portuária.
Witkoff e Kushner já haviam se encontrado com Umerov em um encontro anterior, também em Miami, que ocorreu sem a presença de representantes europeus. Posteriormente, ambos viajaram a Moscou para diálogos com Putin, o que demonstra a complexidade e os diversos níveis de negociação envolvidos.
Planos controversos
Em um desenvolvimento que pegou muitos de surpresa, no mês passado, os EUA propuseram um plano de 28 pontos para resolver o conflito, que não envolvia as principais nações europeias e foi amplamente interpretado como uma abordagem mais favorável aos interesses da Rússia.
Embora a proposta tenha sido ajustada pela Ucrânia e pelas nações europeias, a resposta da Rússia ainda não foi apresentada. Recentemente, Putin declarou que "a bola está agora no campo" da Ucrânia e seus aliados, afirmando que suas forças armadas estão avançando nas linhas de combate. O presidente russo expressou otimismo, afirmando que espera "novos sucessos" até o final do ano.
Além disso, Putin se isentou de qualquer responsabilidade pelos mortos, afirmando que a guerra não foi iniciada por seu país. A situação é ainda mais complicada com a questão das eleições presidenciais na Ucrânia, cujos resultados desejados pelos EUA e Rússia poderiam levar a uma suspensão temporária dos bombardeios.
O dilema financeiro
Outro ponto de interesse emergiu da recente cúpula da União Europeia, onde foi decidido que ativos russos, atualmente congelados, não seriam utilizados para financiar um empréstimo de 90 bilhões de euros à Ucrânia. A discussão sobre mais de 200 bilhões de euros em ativos do Banco Central russo, sob controle da Euroclear em Bruxelas, levantou questões sobre o que Putin descreveu como uma possível apropriação indevida.
Esses dilemas financeiros, aliados à necessidade de uma solução estratégica para a guerra, tornam o cenário ainda mais desafiador. As diplomaticas e as realidades de combate continuam a colidir, evidenciando a complexidade da situação no Leste Europeu.

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