Empresas com conexões ao PCC dominam contratos públicos de R$ 522 milhões

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Empresas com conexões ao PCC dominam contratos públicos de R$ 522 milhões

Investigação Revela Conexões Entre Empresas e Esquema de Lavagem de Dinheiro no Estado de São Paulo

Um alarmante levantamento realizado pela Polícia Civil de São Paulo aponta a existência de um esquema robusto de lavagem de dinheiro, envolvendo 13 empresas no estado, algumas das quais supostamente ligadas à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). As investigações revelam que, nos últimos quatro anos, essas empresas firmaram 66 contratos com 11 prefeituras, totalizando cifras que chegam a R$ 584,6 milhões.

Operação Falso Mercúrio

As revelações são parte da Operação Falso Mercúrio, uma ação policial em andamento que resulta no bloqueio de R$ 6 bilhões em bens, além da apreensão de 257 veículos e 49 imóveis. A quantidade e o valor dos contratos foram extraídos de registros oficiais, acessados pela Folha de S.Paulo, que levou à superfície a amplitude das transações entre as prefeituras e as empresas implicadas.

Tipos de Contratações e Suprimentos

Os contratos celebrados envolvem uma gama vasta de serviços e produtos, desde software educacional e cursos profissionalizantes, até aluguel de veículos, bem como fornecimento de materiais de limpeza e alimentos. Essas operações, de acordo com as informações coletadas, foram completamente registradas nas administrações municipais, seguindo os processos legais previstos.

Respostas das Prefeituras

Em resposta às alegações, as prefeituras envolvidas mantiveram que todos os contratos foram firmados com total conformidade legislativa. Não houve nenhum registro de contato pelas autoridades policiais até o momento, segundo afirmaram.

Defesa das Empresas

As empresas sob investigação também se manifestaram, afirmando que estão cientes dos desdobramentos da operação, embora não tenham recebido acesso aos documentos que esclarecem os detalhes da investigação. Insistiram que suas atividades estão dentro da legalidade e se colocaram à disposição para colaborar com as autoridades competentes.

Mecanismos de Lavagem de Dinheiro

Um documento crucial no contexto da investigação explica que a técnica utilizada para lavar o dinheiro criminoso era conhecida como "mescla patrimonial". Isso se trata de injetar dinheiro de origem duvidosa em receitas consideradas legítimas, gerando grandes complicações para rastreamentos por parte dos órgãos competentes.

O Rastro do Dinheiro Sujo

A Polícia Civil conseguiu traçar uma linha clara sobre como os recursos ilícitos fluíam. O processo iniciava com a coleta de fundos por indivíduos com conexões diretas ao PCC, incluindo operantes de uma rede de caça-níqueis, e transitava através de intermediários até beneficiar empresas que possuem contratos públicos. Documentos eletrônicos apreendidos mostraram transações financeiras entre as empresas empregados na coleta dos recursos e os beneficiários finais, como Eduardo Moreno Lopes e Thiago Telles Batista de Souza.

Nomes Envolvidos e Contratos Significativos

Lopes é co-proprietário de duas distribuidoras de materiais que já apontaram contratos com prefeituras. Além disso, um vínculo familiar o liga a outras empresas, como a Center Lopes, que tem um contrato de R$ 15,5 milhões para locação de veículos com a Prefeitura de Barueri, que por sinal, é responsável por 69% do total dos contratos analisados.

Interações Suspeitas

Conversas recuperadas de celulares dos investigados apresentaram diálogos que revelam a presença de dinheiro público na negociação de imóveis e outras transações. Uma mensagem específica entre Lopes e um indivíduo chamado Manoel Sérgio Sanches, discute a necessidade de um pagamento de um contrato municipal para fazer a compra de um prédio. Essa interação lança luz sobre a troca direta de favores utilizando recursos públicos.

Pagamentos em Espécie e Riscos Associados

As investigações também indicaram que, além de transferências bancárias, Lopes e Telles envolviam pagamentos em espécie, que eram geridos por intermediários. Um dos diálogos expõe um planejamento para um pagamento de R$ 400 mil a um beneficiário relacionado ao esquema em uma conta de uma casa de pôquer, levantando questões práticas e éticas sobre a natureza das transações, sendo de grande risco para todos os envolvidos.

Repercussão e Respostas das Empresas

As empresas implicadas, como Center Lopes e Stoka, reafirmaram sua regularidade operacional e expressaram repúdio a qualquer tentativa de vinculação com atividades ilícitas. A Arco & Flecha Distribuidora, por sua vez, se posicionou em colaboração com a Justiça e autoridades.

O Papel das Prefeituras

Em nota, a Prefeitura de Barueri destacou que todos os contratos passaram por rigoroso processo administrativo e licitatório, respeitando todas as exigências legais. Já a Prefeitura de Cotia, observou que o contrato com Center Lopes foi estabelecido pela gestão anterior e manifestou disposição em colaborar com as investigações.

Conclusão

A ampla rede de contratos suspeitos e as movimentações financeiras reveladas pela Operação Falso Mercúrio ressaltam a complexidade e a gravidade do problema da lavagem de dinheiro infiltrado em contratações públicas. Com as investigações ainda em curso, as reações das prefeituras e das empresas envolvidas serão cruciais para compreender a totalidade dessa intricada trama que une o crime organizado e a administração pública.

Com essa operação, a Polícia Civil não apenas busca responsabilizar os culpados, mas também garantir que as informações venham à tona, assegurando que a transparência nas contratações públicas prevaleça, em benefício da sociedade paulista.

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