Desafios na Educação: Tarcísio Enfrenta Obstáculos em Suas Metas para 2025

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Desafios na Educação: Tarcísio Enfrenta Obstáculos em Suas Metas para 2025

Tarcísio de Freitas: Educação em São Paulo enfrenta desafios e reconfigurações

No último ano de seu mandato, o governo de Tarcísio de Freitas, do Republicanos, enfrenta um cenário desafiador na educação paulista, com promessas significativas que não se concretizaram conforme o planejado. A introdução das escolas cívico-militares e a digitalização do ensino, ambas apostas importantes de sua gestão, foram interrompidas por ações judiciais, lamentando-se os gestores e alunos.

Embora algumas promessas tenham avançado, como a terceirização de serviços não pedagógicos e o aumento das inscrições no ensino técnico, o propósito de elevar a qualidade educacional não foi plenamente atingido. Com foco nas eleições de 2026, Tarcísio delegou ao secretário de Educação, Renato Feder, a tarefa de otimizar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) em São Paulo.

Desde o início de sua gestão, Feder implementou um plano ambicioso voltado para a digitalização das escolas. Com a introdução de mais de 31 plataformas digitais, a secretaria estabeleceu metas bimestrais de uso, ligando essa prestação de contas às avaliações de professores e gestores. A intenção era oferecer uma fiscalização mais rigorosa das práticas pedagógicas, mas esse enfoque acabou resultando na insatisfação de muitos envolvidos no processo educativo.

Preocupado com a pesada carga de monitoramento, o Ministério Público interveio, argumentando que a obrigatoriedade de utilização dessas plataformas infringia a autonomia docente e ameaçava a individualização do ensino. Uma ação civil pública foi ingressada para tornar o uso dessas ferramentas facultativo, evidenciando a tensão entre inovação e liberdade pedagógica.

"A proposta do governo para a educação tem como pilares a recuperação da aprendizagem e a criação de um ambiente escolar eficaz", explica Márcia Jacomini, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Contudo, segundo ela, essa vigilância exacerbada prejudica o ambiente de aprendizado, gerando uma contrariedade que levou à intervenção do Ministério Público.

Claudia Costin, ex-diretora de educação do Banco Mundial, reforça a necessidade de reflexão sobre a abordagem neutralizadora das plataformas digitais. "Precisamos de dados, mas eles devem ser utilizados de forma a aprimorar a educação, não para vigiar e punir”, destaca. Ela ainda observa que uma educação de qualidade é construída com base na confiança entre alunos e educadores, um aspecto que foi ignorado em favor de um controle excessivo.

Um aspecto que ficou em segundo plano na gestão de Tarcísio é a expansão do horário integral nas escolas. Enquanto o ex-governador João Doria havia promovido um aumento significativo no número de alunos em tempo integral, a atual administração optou por favorecer o crescimento das matrículas em programas técnicos, resultado de uma estratégia voltada para a preparação do jovem para o mercado de trabalho.

Nas primeiras etapas do ensino médio, a participação de estudantes em tempo integral caiu de 27% em 2023 para 26,6% em 2024. No ensino fundamental, a diminuição foi menos acentuada, mas ainda assim significativa, indo de 41,5% para 41,4%. O governo optou por um modelo que prioriza o aumento das vagas em cursos técnicos,prevendo um aumento das matrículas em educação técnica profissionalizante de 147 mil para 320 mil até 2026.

Feder justificou essa mudança afirmando que a falta de opções de ensino técnico em São Paulo prejudicava a formação dos jovens, que esperam uma educação que os prepare para desafios profissionais. Entretanto, críticos apontam que essa transição ignora a possibilidade de expandir a educação em tempo integral, um modelo reconhecidamente eficaz.

"Romper com um modelo de excelência como o dos Centros Paula Souza foi uma escolha que surpreendeu e deixou indignados muitos educadores", argumenta Márcia. A reestruturação de como as disciplinas técnicas são oferecidas, aliadas a cursos dentro das escolas regulares, deixa dúvidas quanto à qualidade do ensino.

O Estado, por meio da Seduc, reafirma seu compromisso com a educação de qualidade, informando que nos próximos meses haverá uma reavaliação do uso das plataformas digitais. No entanto, elas foram defendidas como ferramentas de apoio, não substituindo o papel fundamental dos professores.

A implementação do projeto de escolas cívico-militares, que havia sido paralisada por conta de diversas decisões administrativas, promete retomar no início de 2026, com a previsão de serem implementadas em 100 unidades escolares. Tais ações buscam responder à necessidade de um ambiente escolar mais disciplinado e estruturado, alinhado ao que a administração de Tarcísio considera como essencial para a formação do jovem paulista.

À medida que o governo se aproxima de seu novo ciclo, a educação permanece no centro das discussões políticas, estabelecendo um caminho repleto de obstáculos que precisam ser superados. A busca por um sistema educacional robusto e inclusivo reflete não apenas em números e estatísticas, mas também nas vidas e no futuro das próximas gerações. O desafio está lançado: consolidar um modelo que atenda às necessidades do presente sem abrir mão do potencial transformador da educação.

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