Banco Central projeta crescimento tímido do PIB brasileiro para 2026 em meio a incertezas eleitorais
Em meio a um cenário econômico desafiador, o Banco Central divulgou nesta quinta-feira (18) suas previsões sobre o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para o próximo ano. De acordo com a análise, o crescimento esperado para 2026 é de apenas 1,6%, sendo este o pior resultado em seis anos. Essa expectativa se agrava ao ocorrer em um ano eleitoral, quando o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) buscará a reeleição.
Este dado foi revelado no Relatório de Política Monetária referente ao quarto trimestre de 2025, que também indica uma leve recuperação do PIB para 2025, que deve crescer de 2% para 2,3%.
Divergência nas projeções de crescimento econômico
A nova estimativa do Banco Central contrasta de forma significativa com a outlook elaborada pela equipe econômica do ministro Fernando Haddad, da Fazenda, que previa um crescimento de 2,44% em 2026. Esse número é essencial para o Orçamento do próximo ano, que estava programado para ser votado pelo Congresso ainda nesta tarde.
Entre as justificativas apontadas pelo Banco Central para o baixo crescimento estão a continuidade de uma política monetária restritiva, a baixa ociosidade na utilização dos fatores de produção, a previsão de desaceleração na economia global e a falta do impulso que o setor agropecuário teve em anos anteriores.
Contexto da política monetária e seu impacto
Atualmente, a taxa básica de juros, mantida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), está fixada em 15%. Essa política monetária é alvo frequente de críticas tanto do governo quanto do setor produtivo, que argumentam que a alta dos juros impacta diretamente o crescimento econômico.
As projeções para o PIB em 2026 traçam um quadro preocupante, que se destaca em comparação aos últimos seis anos, exceto o período de 2020, quando a economia brasileira enfrentou uma queda de 3,28% em razão das severas restrições impostas pela pandemia de Covid-19. A tabela abaixo mostra a evolução do PIB nos últimos anos:
- 2020: -3,28%
- 2021: 4,76%
- 2022: 3,02%
- 2023: 3,24%
- 2024: 3,42%
- 2025: 2,3% (estimativa)
- 2026: 1,6% (estimativa)
Medidas fiscais e seus efeitos na economia
O Banco Central também destacou que as estimativas para 2025 e 2026 já consideram os impactos de medidas recentes, como a isenção ou redução do Imposto de Renda para as faixas de renda mais baixas. Essa isenção, que se aplica a quem ganha até R$ 5 mil, entra em vigor em janeiro de 2026. Contudo, ainda assim, o cenário econômico é visto como adverso, com possíveis consequências negativas sobre emprego, consumo e investimentos.
Esfriamento da atividade econômica
Representantes da autarquia enfatizam a necessidade de um esfriamento na atividade econômica para que a inflação retorne aos patamares programados, que visam manter a taxa em 3%, com uma margem de tolerância entre 1,5% e 4,5%. O relatório também inclui a menção ao "hiato do produto", que permanece positivo, indicando que a economia ainda opera acima de seu potencial.
Por meio do sistema de metas, a responsabilidade pela manutenção da inflação cabe ao Banco Central, que deve ajustar as taxas de juros para garantir que a inflação permaneça dentro dos parâmetros estipulados. Os efeitos das mudanças na Selic demoram entre seis a 18 meses para se refletir na economia, motivo pelo qual as previsões são feitas até o meio de 2027.
Previsões sobre a inflação
Em relação à inflação, a projeção do Banco Central para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2025 foi reduzida de 4,8% para 4,4%, mantendo-se dentro da meta acordada com o governo. Para 2026, a estimativa é de 3,5%. Entretanto, há a preocupação com os preços dos alimentos in natura, que devem sofrer aumentos até março, o que pode pressionar ainda mais as expectativas inflacionárias.
Os preços de alimentos industrializados, que costumam ser menos voláteis, devem continuar apresentando variações moderadas, mas há a ressalva de que as projeções a curto prazo só consideram parcialmente o risco de altas significativas nos preços do boi gordo e da carne bovina.
Expectativas no setor de serviços e tarifas
O relatório também mostrou que o setor de serviços deve apresentar aumentos mais acentuados no início do ano, impulsionados por reajustes escolares e outros fatores sazonais desfavoráveis. Por outro lado, as tarifas de energia elétrica devem apresentar uma queda com a alteração na bandeira tarifária, ainda que impostos sobre combustíveis e reajustes de serviços públicos continuem a pressão inflacionária.
Conclusão
Diante deste panorama, o Brasil se encontra em um momento crucial. As expectativas do Banco Central revelam um horizonte desafiador, especialmente em um ano marcado pela disputa eleitoral. As decisões políticas e econômicas tomadas neste período poderão ter um impacto significativo sobre o futuro econômico do país.
Em meio a essa incerteza, cidadãos, investidores e analistas ficarão atentos às movimentações do governo e as mudanças nas políticas econômicas que poderão moldar o futuro próximo do Brasil.

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