Comércio eletrônico explode na Black Friday e redefine a logística no Brasil

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Comércio eletrônico explode na Black Friday e redefine a logística no Brasil

O Impacto da Black Friday nas Dinâmicas do Comércio Eletrônico e Logística Brasileira

A Black Friday, um evento anualmente esperado pelos consumidores que buscam ofertas irresistíveis, não é apenas uma oportunidade de compras, mas também um termômetro para o comércio eletrônico e a logística no Brasil. No final de semana que passou, números impressionantes revelaram o tamanho da ascensão digital e o quão crucial é a infraestrutura logística para acompanhar essa demanda voraz. Neste contexto, precisamos entender como essa transformação está modificando o cenário das operações logísticas no país.

Compras na Era Digital

Neste ano, a Black Friday se destacou com um volume de vendas que beirou as extraordinárias marcas de quase 2 milhões de pedidos feitos pela internet em apenas um dia, movimentando mais de R$ 1,6 bilhão no comércio eletrônico. Itens variados passaram a ser esgotados em questão de horas. Um exemplo emblemático foram as vendas de um jogo de seis taças que, por apenas R$ 9, viu suas 40 mil unidades desaparecendo da virtual prateleira em menos de três horas. Apressar a entrega tornou-se uma necessidade vital para as empresas que operam no setor, pois clientes satisfeitos são propensos a retornar para novas compras e ainda compartilhar suas experiências com outros consumidores.

Emerson Eduardo Baquete, gerente regional de logística, destacou que a agilidade nas entregas transforma a experiência do consumidor: "Comprou hoje, entrega rápida, esse cliente vai voltar a comprar, vai fazer uma boa propaganda da gente e a gente aumenta nosso volume de vendas". Essa lógica exemplifica a mudança de paradigma na relação entre comércio eletrônico e logística, onde a velocidade da entrega se torna um diferencial competitivo.

A Corrida por Galpões Logísticos

Por trás desse frenesi de vendas, há uma infraestrutura logística que enfrenta desafios sem precedentes. Com o crescimento exponencial do e-commerce, a necessidade de espaço para armazenagem de mercadorias aumentou drasticamente. Um galpão logístico típico, como o observado em Guarulhos, na Grande São Paulo, apresenta 110 mil metros quadrados de área, que já se encontra quase totalmente ocupado. Este cenário não é isolado: atualmente, apenas 7% dos galpões no Brasil estão disponíveis para venda ou locação.

Guarulhos se destaca como um dos principais polos logísticos do país, devido à sua localização estratégica próxima à capital paulista e ao seu alto preço por metro quadrado, que continua a subir. Segundo Fernando Didziakas, sócio-diretor da Buildings, "é um dos principais polos logísticos do Brasil, onde você tem proximidade com a cidade de São Paulo, e um grande volume de novos ativos sendo construídos”. Essa alta demanda, aliada à escassez de espaço, resulta em aluguéis elevados, transformando a região em uma espécie de “Faria Lima da logística”.

Transformações em Outros Centros Logísticos

Não apenas Guarulhos, mas outras localidades também estão sentindo os efeitos dessa revolução logística. A cidade de Extrema, no sul de Minas Gerais, se beneficiou de sua proximidade com a capital paulista e de incentivos fiscais que atraíram empresas do setor. Nos últimos anos, o estoque logístico na região saltou para mais de 900 mil metros quadrados, distribuídos em 11 condomínios. Essa situação ressalta como a localização e os incentivos governamentais podem catalisar um crescimento robusto.

Entretanto, mesmo com esse crescimento, as consultorias especializadas apontam que a disponibilidade de galpões é a menor em mais de uma década. Didziakas adverte: "A gente pensa no mercado equilibrado em 10%. Quando você pensa, então, em um setor com 7% de espaços disponíveis, dá para a gente afirmar que hoje começa a faltar galpões”. Para o setor logístico, este é um sinal claro de que a capacidade de atender a procura está próxima do limite.

Operários da Logística e Suas Estratégias

Enquanto o movimento para atender a essa demanda crescente não é tarefa fácil, os "operários" da Black Friday, como os conferentes e operadores de logística, têm um papel fundamental. Durante a correria das vendas, eles têm de estar sempre alertas, inspecionando produtos e verificando ofertas. Klebson Santana Silva, um desses conferentes, explica: "No intervalo a gente dá uma olhadinha, pesquisa, sempre vê o que tem de oferta. E o que for, vai ouvindo uma coisinha ali, uma coisinha lá. Está sempre atento ao que tem de melhor". Essa dedicação diuturna assegura que os produtos estejam prontos para entrega e que os clientes recebam o que desejam no menor tempo possível.

O Futuro da Logística no Brasil

O desafio da logística durante a Black Friday é um microcosmo das dificuldades que o país enfrenta em termos de infraestrutura. Com o comércio eletrônico em expansão contínua, as empresas precisam repensar suas estratégias de fornecimento e armazenamento. A necessidade de otimização das operações logísticas, investimentos em tecnologia e a construção de novos galpões serão imperativos para sustentar o crescimento do e-commerce no Brasil.

Um aspecto importante a considerar é que a evolução do comércio eletrônico não se trata apenas de atender ao presente, mas de preparar-se para o futuro. A capacidade de resposta ágil dos operadores logísticos, aliada à busca por inovações tecnológicas – como a automação e o uso de dados analíticos – será vital para moldar o novo cenário logístico no país. A pressão para melhorar a eficiência no transporte e armazenamento de mercadorias deve impulsionar um ciclo de investimentos no setor.

Além disso, a conscientização sobre a sustentabilidade na logística está se tornando cada vez mais pertinente. As empresas estão cada vez mais sendo chamadas a otimizar seus processos não apenas em termos financeiros, mas também ambientais. Adotar práticas sustentáveis não só atende a uma demanda crescente de consumidores conscientes, mas também pode impactar positivamente a eficiência operacional.

Conclusão

A Black Friday expõe e acentua as profundas transformações que o comércio eletrônico e a logística brasileira estão vivendo. Com um crescimento que não dá sinais de desaceleração, o setor logístico será fundamental para garantir que os consumidores tenham acesso às ofertas desejadas, de maneira ágil e eficiente. O panorma atual, marcado por uma escassez de galpões e a necessidade de inovação, mostra que as empresas precisam se adaptar rapidamente para não perder espaço e relevância em um mercado cada vez mais competitivo.

Nesse contexto, não se trata apenas de resolver os desafios de curto prazo, mas de construir uma infraestrutura que possa suportar as demandas futuras. A mistura da tecnologia, da administração de recursos e do compromisso com a sustentabilidade alimentarão o próximo capítulo da logística no Brasil, onde o comercio eletrônico e a entrega ágil e eficiente seguirão como protagonistas nesta história em constante mutação.

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